sábado, 12 de fevereiro de 2011

Horizonte


E o som ao longe o que é?
É o canto da sereia
Que encanta nas marés
Em noite de lua cheia
No convés, o silencio
Em madrugada de neblina
Do horizonte tão sereno
O capitão namora a linha

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sereia Morta (do meu livro)


Na areia da praia,
 A carne já morta.
 A morte a conforta...
As vestes em sangue,
A face sombria,
A pele já pálida,
Cálida, fria...
A morte presente
Em seu olhar;
Uma mãe a chorar...
Sua filha na areia,
Fingindo sereia;
Foi morta em um bar!
Em busca do príncipe
Da pura história,
Que a mãezinha
Teimava em contar.
Agora sereia,
Entregue à desgraça,
És apenas carcaça
Na beira do mar

Pirata em terra


Na taverna da aldeia
Ali no pé da serra
Piratas se perdem
Em mares tão gastos
Com prazeres tão pagos
De mulheres fartas
Esquecem do pesado trabalho
Que é cuidar do convés
Quando pagam pra ter aos seus pés
Uma noite, rum e um olhar
Se perdem nas pernas
No dorso, no rosto
De cada porto que possam parar
Provam do gosto
Da noite e da sorte
Que só a morte
Lhes pode roubar
E voltam a seus postos
Felizes, satisfeitos
Contando os feitos
Em terra e no mar

Madruga no mar


Festa na madrugada
Piratas dançam e cantam
As sereias que descansavam
Aos poucos acordam também
As ondas também se levantam
Netuno está atento
Ali e muito além
Navegantes embriagados
De mar e sereias loucas
Sentem o sal do mar na boca
O doce dos beijos do mar
E nada os faz parar
Frenética vida de mar
Que os faz viver sem medos
Não ter tempos para segredos
Não ter tempo pra penar
Pois aos poucos o dia chega
E o som da festa cessa
E os piratas antes em festa
Agora estão a trabalhar

Futuro


Há de haver um dia
Em que nos encontremos “piratas”
Numa nação livre
De todo ouro, terno e gravata
Onde possamos ser nós mesmo
Alegres, cantantes, falantes, conscientes...
E este dia hei de esperar... Yo ho

Assombro pirata


Na penumbra da noite
Ouço passos leves no convés
Marujos dormem
Depois de um dia de duro penar
Piratas não devem sonhar...
Pois quando sonham, os deuses os perturbam
Foi assim num sonho que encontrei
Pirata do cais de onde, não sei
Só sei que me veio perturbar
E eis que empunhei meu punhal
E esfaqueei o assombro infernal
E nada pude contra ele
Que já não era mortal

Tempo de pirata


Tempo de pirata
Naufrágio de existência
Esse que nos assola
Perdidos em tempestades loucas
Onde nada nos consola
Bussolas não são uteis
Quando se está perdido
De que adiante achar o norte
Se não sabemos pra onde devemos ir?
Oceano, mar aberto à sorte
Quando se tem um coração partido
Tolas horas de pensamentos fúteis
Onde choramos quando devemos sorrir
Perde-se tempo em terra
Encontra-se a tempo em mar
Piratas não curtem relógios
Não gostam de o tempo marcar
Não tendo tempo, não o perdem
Em suas buscas alem mar...
Há tempo de sorrir, e tempo de chorar
Do anoitecer ao clarear
E vice-versos
Mares impressos
Na vastidão de cada olhar